quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pedra filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
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como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
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Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho alacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
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Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel, base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva, alto-forno,
geradora, cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
..................................
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

Olha no teu jardim...


OLHA no teu jardim as rosas entreabertas,
e nunca as pétalas caídas;
OBSERVA em teu caminho a distância vencida
e nunca o que falte ainda;
GUARDA do teu olhar os brilhos de alegria
e nunca as névoas de tristezas;
RETÉM da tua voz risadas e canções
e nunca os teus gemidos;
CONSERVA em teus ouvidos as palavras de amor e nunca as de ódio;
...
CONTA aos homens o azul das tuas primaveras
e nunca as tempestades do verão;
GUARDA nas tuas mãos as flores que ofertaram,
esquece os espinhos que ficaram;
De teus lábios CONSERVA as mensagens bondosas,
esquece as maldições;
RELEMBRA com prazer as tuas escaladas,
esquece o prazer fútil das descidas;
...
OLHA de frente o sol que existe em tua vida,
esquece a sombra que fica atrás;
A flor que desabrocha é bem mais importante
do que mil pétalas caídas;
E só um olhar de amor pode levar consigo o calor
para aquecer muitos invernos;
A bondade é mais forte em nós e
dura muito mais do que o mal
que nós mesmos praticamos;
SÊ OPTIMISTA, e não te esqueças de que...
É NO FUNDO DA NOITE SEM LUAR QUE BRILHAM MUITO MAIS AS ESTRELAS!!!

Conto contado, livro fechado


Livro meu muito amado
Tesouro do meu saber,
Folgarei de te encontrar
No dia em que te perder;

Cavalheiro que te achar
Se tiver uso de honrado
Se não souber o meu nome
Ei-lo abaixo assinado.


(Quadras habitualmente usada para identificar um livro)

(Cantilenas para terminar um Conto ou uma História)


“Bendito e louvado,
Está meu conto acabado,
Bonito ou feio,
Já está contado.”

“Bem ou mal contado
Este conto está acabado!”

“Perlimpimpim, perlimpimpim, a história chegou ao fim!”

“Vitória, vitória, acabou-se a história!”

“Era uma vez um rei e uma rainha
Acabou-se a história que era pequenina!”

“Conto Contado, livro fechado!”

Bicho de Conta


Bicho-de-conta

Bicho-de-conta,
conta, conta
a tua história.

Mas tu não contas,
fazes de conta
que não me ouves.

Porque te chamam
bicho de conta?
Não fazes contas
na tua escola,
não tens no banco
nenhuma conta.
Serás a conta
de algum colar?
Ou é o medo
que assim te ensina
a enrolar?

No fim de contas,
porque te chamam
bicho-de-conta?

Luísa Ducla Soares